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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Vespa-joia vs Barata


As vespas-joias são parasitas das baratas. O veneno injetado pela vespa (que é uma fêmea), não ocasiona a morte instantânea da barata. É necessário para a vespa que a barata continue viva durante um certo período: a vespa coloca um ovo no corpo da barata, para que ao eclodir possa se alimentar aos poucos da carne da barata. Um aspecto importante de se ressaltar é que a vespa injeta o veneno num local próximo da região cefálica, talvez assim pra atingir rapidamente o sistema nervoso, e assim tirar qualquer mínima possibilidade de fuga da barata.

            A barata fica altamente lesionada em seu sistema nervoso.  O veneno ocasiona uma sobrecarga dos receptores de neurotransmissores. O veneno da vespa-joia é rico em dopamina. Esta substância é um importante neurotransmissor ligado ao controle motor, funções endócrinas entre outros fatores. Quando a dopamina chega ao espaço sináptico, esta difunde-se com rapidez sendo captada pelos receptores da membrana pós-sináptica. A dopamina também pode ser recaptada pelo neurônio pré-sináptico e recolocado nas vesículas por transportadores de alta afinidade. Ainda pode ser degradada ou na fenda sináptica, ou no terminal pré-sináptico.   

            Estudos demonstraram que múltiplas e variadas cascatas são ativadas pelo diferentes subtipos de receptores dopaminérgicos. Esta multiplicidade de respostas de sinalização provavelmente tem relação com o acoplamento  de proteínas G a cada receptor, e cada um desses receptores pode interagir cm mais de um tipo de proteína G. Os contatos entre proteínas G e receptores produzem efeitos fisiológicos que ou aumentam ou diminuem a resposta inicial do receptor, estimulando assim vias diferentes.

            A locomoção é fundamentalmente controlada através da ativação de receptores D1, D2 e D3. A ativação dos receptores D2 ocasiona a redução de dopamina e por consequência a atividade motora. Por outro lado, a estimulação de receptores D2 pós-sinápticos aumenta um pouco a locomoção. Os receptores D1 tem pouco efeito na atividade locomotora, no entanto a estimulação  dos receptores D1 é essencial para os agonistas de D2 realizarem o seu efeito máximo. Já o receptor D3 tem papel inibidor da locomoção.

            Uma especificidade interessante das vespas-joias é que elas fazem isso desde que jovens, sendo que não estas não tem como ter nenhum contato parental, portanto não tendo como aprender isso de seus genitores. Uma coisa que pode explicar isso são os neurônios espelhos. Em humanos e inúmeros outros animais, estes neurônios são específicos de áreas motoras, capazes de responder quando a mesma ação que ele executa era percebida pela visão. Estes neurônios são capazes de um tipo de compreensão imediata, sem a necessidade de passar por qualquer tipo de controle central do cérebro. Os neurônios espelhos estão ativados quando fazemos uma ação ou movimento. Nas investigações em que foram encontrados pela primeira vez neurônios espelho em macacos, foi descoberta uma zona cerebral, os lóbulos frontais, que entravam em ação quando o primata fazia uma atividade qualquer. Isso sem a “coordenação” do sistema nervoso central. Por esse lado, é possível que a vespa-joia simplesmente faça a atividade, sem ter que recorrer a áreas do seu sistema nervoso central, portanto sem recorrer a algum tipo de memória para fazer a atividade do envenenamento da sua presa e a posterior colocação de ovos no corpo do hospedeiro/presa. 

Assista o vídeo:

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